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O que aprendemos com os Jogos Olímpicos de Tóquio?

O que aprendemos com os Jogos Olímpicos de Tóquio?
Eventos de grandes proporções como as Olimpíadas acabam afetando não apenas aqueles que estão diretamente envolvidos na sua realização como também toda a população das regiões em que as competições e solenidades ocorrem. E, às vezes, não é possível prever se esses impactos serão positivos ou negativos.

De acordo com dados da própria organização, os Jogos Olímpicos de Tóquio tiveram a participação de cerca de 11.500 atletas em 339 eventos do programa, isso sem contar as 79.000 pessoas dentre funcionários, jornalistas e membros da equipe de apoio. Para tanto, contou-se com 43 locais de competição: 8 novas infraestruturas permanentes, 25 já existentes que foram requalificadas e 10 temporárias. 

Inicialmente, a estimativa oficial do custo do evento, ainda em 2013, foi de 7,3 bilhões de dólares. No final de 2019, esse valor já estava em US$ 12,6 bilhões. Contudo, de acordo com o Conselho Fiscal Nacional do Japão, os gastos finais da Olimpíada seriam de aproximadamente US$ 22 bilhões. 

Um montante tão alto requer um planejamento prévio minucioso com uma alocação de recursos detalhada e eficiente. Esse cenário tornou-se ainda mais complexo considerando a atual crise mundial provocada pela pandemia da Covid-19, responsável pelo adiamento do evento e cujas consequências demandaram maiores esforços e recursos para adoção e acompanhamento de medidas preventivas gerais e especiais, conforme os protocolos estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde, para garantir a segurança de todos os envolvidos.

Nos aspectos cultural e desportivo, tudo ocorreu como o esperado. Todavia, o sentimento foi de total frustração para várias pessoas que investiram pesadamente no Japão na expectativa de lucrar com o suposto “boom” de negócios que seria desencadeado pela Olimpíada. Em razão das circunstâncias desfavoráveis e das medidas necessárias para conter o avanço da pandemia, o que se viu foi um enorme número de estádios vazios. A proibição da presença de espectadores refletiu também no rendimento de hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais, que ficaram vazios, sem turistas estrangeiros. Suehiro Toru, do banco de investimentos Daiwa Securities, chegou a declarar que, apesar do alto custo envolvido no cancelamento, teria sido melhor não realizar o evento. 

É importante destacar, também, o posicionamento das marcas nesse contexto. A Toyota, por exemplo, uma das grandes patrocinadoras, decidiu não usar propagandas relacionadas à Olimpíada de Tóquio. Isso porque ainda existe uma grande preocupação no país em relação à pandemia, tendo dois terços da população se manifestado contra a realização dos Jogos Olímpicos.

Obviamente, trata-se de um um caso excepcional. Entretanto, tais consequências negativas funcionam como um lembrete da importância do planejamento estratégico, especialmente em grandes projetos que envolvem numerosos recursos humanos e financeiros, tornando-se imprescindível uma análise prévia e precisa dos ambientes interno e externo, bem como a adaptação das ações previstas de acordo com as mudanças ininterruptas que ocorrem em todos os setores da sociedade em escala global.

Jéssica Andrade
Trainee


Imagem: Cameron Spencer/Getty Images


Referências

BBC. Olimpíada de Tóquio 2021: Por que os Jogos deixaram 'rombo' na economia do Japão. <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-58059432>. 

Olympics. Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 em números. <https://olympics.com/pt/noticias/jogos-olimpicos-de-toquio-2020-em-numeros>. 

World Economic Forum. Explainer: The Tokyo Olympics by numbers. <https://www.weforum.org/agenda/2021/07/tokyo-2020-olympics-numbers/>.



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