As empresas familiares,
constituídas em sua maioria por membros de uma mesma família são a forma
predominante de empresa em todo o mundo: aproximadamente de 65 a 80%; já no
Brasil elas correspondem a 90% das empresas no país. Apesar de ocupar uma parte
tão grande na economia mundial e de lidarem com os mesmos problemas rotineiros
de uma empresa comum, elas possuem uma dinâmica um tanto diferente.
Para a maior parte das pessoas, as duas coisas mais importantes em
suas vidas são suas famílias e seu trabalho. É fácil compreender o poder das
organizações que combinam ambas as coisas. Todavia, os problemas surgem porque
as mesmas pessoas têm que cumprir obrigações familiares e de gestão. Além
disso, a empresa em si precisa operar de acordo com práticas e princípios de
negócios sadios, satisfazendo ao mesmo tempo as necessidades familiares de
emprego, identidade e renda.
Em consequência das particularidades acima descritas, estudiosos
de empresas familiares como sistemas propuseram a criação do modelo de três
círculos, o qual descreve o sistema da empresa familiar como três subsistemas
independentes, mas superpostos: gestão, propriedade e família.
Os círculos da gestão, dos
proprietários e da família, entretanto, não transparecem muitos dos mais
importantes dilemas enfrentados pelas empresas familiares que são causados pela
passagem do tempo, e envolvem mudanças na organização, na família e na
distribuição da propriedade.
Inclusões e/ou
alterações são normais e aceitáveis a partir do momento em que se tornam
efetivas contribuições para o desenvolvimento da empresa familiar, ou seja,
cruzar a fronteira de membro da família para membro da família
proprietário/funcionário é um marco importante.
O resultado da
adição do desenvolvimento ao longo do tempo aos três círculos é um modelo
tridimensional de desenvolvimento da empresa familiar. Para cada um dos três subsistemas –
propriedade, família e gestão/empresa – existe uma dimensão separada de
desenvolvimento. Através do conjunto dos três eixos de desenvolvimento de
propriedade, família e empresa, o modelo descreve um espaço tridimensional.
O
empreendimento assume um caráter particular, definido por esses três pontos de
desenvolvimento. À medida que a empresa familiar se desloca para o novo estágio
em qualquer das dimensões, assume uma nova forma, com novas características.
A partir do diagnóstico feito em
relação à empresa que está sendo analisada, alguns desafios-chave deverão ser
levados em consideração para que a empresa possa se desenvolver de forma
estruturada e segura, mantendo o equilíbrio entre as dimensões.Um dos grandes
desafios da empresa-familiar é a sucessão, pois, conforme estatísticas, a cada
100 empresas familiares fundadas no Brasil e no mundo, apenas 30 sobrevivem à
segunda geração, 15 à terceira e 4 à quarta.
Após este diagnóstico, a empresa estará mais
preparada para a
implantação dos processos internos de gestão e liderança, buscando sempre o equilíbrio entre as
dimensões, elemento essencial para o sucesso do negócio.
Dra. Luciane Albuquerque
Consultora Sênior